Eu e meus primos...

Eu e meus primos...

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

DA SÉRIE ESPORTES NADA OLÍMPICOS

ESPORTE RADICAL NÚMERO 2: ANDANDO NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO

Faltando exatamente 365 longos dias para as Olimpíadas de 2016, vamos comemorar à nossa maneira publicando mais um artigo da série sobre esportes radicais na cidade de São Sebastião Flechado, apunhalado, fuzilado...

Andar nas ruas do Rio é uma arte para iniciados, dominada por muito poucos, embora praticada por milhões. Nada de decatlo, triatlon, super-maratona, isso tudo é fichinha perto do esporte carioca por excelência.

Para começar, nem sempre há rua. Quer dizer, rua tem, mas essas são dos carros e dos motoristas, sem falar em ônibus, caminhões, motos, caveirões e quejandos. Portanto, esqueça a rua e fique na sua calçadinha. Só que nem sempre há calçada.  É um lugar tão agradável e bucólico que todos lá querem ficar: os automóveis estacionados, os camelôs, os engraxates, as bancas de jornal, a carrocinha de pipoca ou cachorro-quente, os ciclistas (às vezes elétricos!), os carrinhos de transportar mercadorias e por aí vai. Alguns estabelecimentos comerciais também acham de bom tom tomar parte da calçada com suas mesas e cadeiras. Tudo isso torna o esporte muito mais emocionante e difícil, mas é só o começo.

Vamos dizer que exista calçada e um espacinho apertado pra você passar entre uma banca de jornal e um vendedor de amendoim com carvão queimando. Mas tem as poças, porque andar nessas ruas também pode ser um esporte aquático. Depois de secarem, vem a lama para os que curtem um cross-country. E depois da lama, o divino pó da cidade maravilhosa (ó, não vão me interpretar errado viu?). Tem também as pedrinhas portuguesas, sempre emocionantes e diversas. E o cocô de cachorro, em abundância, que até os cachorros cariocas são generosos. Dizem que pisar em m... dá sorte. Tá explicado porque os cariocas se consideram os mais sortudos do mundo.

Vamos subir um pouco, deixemos o chão de lado. Agora vamos falar dos outros competidores, ou será que eu deveria dizer adversários? Os outros pedestres, sim senhor. Cuidado com aquele que vem vindo reto na sua direção digitando no celular. Ele está a fim de uma bela trombada para despertar do seu sono digital. Céu nublado? Prepare-se para treinar a agilidade de abaixar e desviar de guarda-chuvas de todas as cores, tá pensando que vão fazer a gentileza de levantar para você passar? Aqui é cidade olímpica, zé mané, isso aqui é Rio de Janeiro.

Nego fala de Paris, Londres, Nova Iorque. Vê se lá tem uma boa e velha casca de banana pra tornar a vida mais emocionante? Se não tiver também serve papelzinho no chão, também dá pra escorregar legal, depois é só filmar e levar pro Faustão.

Por falar em malandragem, tem também aqueles dias excepcionais (mas nem tanto), em que você pode correr (esporte arriscadíssimo) atrás do sujeito que roubou seu celular (cariocas são muito comunicativos), bateu sua carteira ou rasgou sua bolsa. Se o colega dele não tiver te derrubado no chão antes, sabe como é, nem todo mundo joga limpo.

Tá legal, já dominaste a arte de pisar e de andar. Mas tem sempre o ataque aéreo das pombas, o símbolo maior da paz. Não sei se o bombardeio delas dá sorte, mas sei que dá criptococose, histoplasmose, salmonelose, ornitose, toxoplasmose, dermatites, alergias, psitacose ... Não vou nem falar em bala perdida, bueiros que explodem e coisas do tipo, porque seria covardia, não é mesmo? Chupa, Nova Iorque!

Por isso tudo, tenho que concordar com nosso ilustre alcaide, que sempre elogia o espírito esportivo dos cariocas. Que ele conhece bem, pois se não tivessemos espírito esportivo não aturaríamos um prefeito de m... desses. Falei em m... pra dar sorte, claro. Antes, durante e depois das Olimpíadas vam

Nenhum comentário:

Postar um comentário