Eu e meus primos...

Eu e meus primos...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Dois dedos, algumas costelas e muitas alegrias

O impacto foi tremendo, à altura das costelas. E lá estava meu primo, não estendido no chão, porque o jogo era na areia da praia, mas se contorcendo de dor e com a sensação de que não conseguia respirar. E não conseguia mesmo. A pancada fora tão forte que as costelas haviam comprimido os pulmões e durante intermináveis segundos o ar não entrava. Pensou em gritar por socorro, mas sem ar não há voz... Foi salvo do ridículo pois alguns segundos depois estava tudo normal. Quer dizer, afora aquela dor nas costelas. Teve que dormir de um lado só por uns três meses...

Já tive muito primo maluco (quase todos), mas nenhum como aquele que começou a jogar rugby aos 44 anos. Foi assim: meu primo começou a estudar a história do futebol. Aí descobriu que ele e o rugby eram primos, digamos assim, para simplificar muito. Bem, então é claro que meu primo foi pesquisar o rugby e descobriu uma história fascinante de um esporte que quis se manter amador (mesmo de mentirinha) até 1995. Procurou mais um pouco e descobriu que havia um time de rugby no Rio, o Rio Rugby. Começou a frequentar jogos e começou a ser convidado a participar. Mas nem passava pela sua cabeça fazer isso: magrelo, ossudo, lento e com um motorzinho 4.4 decente, mas que já tinha visto melhores dias, meu primo achava uma temeridade começar jogar um esporte "de contato", para ser delicado.

E era uma temeridade mesmo. Mas não conseguiu resistir ao rugby, principalmente depois que apareceu na UFF, querendo montar uma equipe universitária, um tal  de Juan Manuel Pardal. Juan era um jogador argentino radicado em Niterói, casado com uma brasileira e um líder nato. Juntos, sob a liderança técnica, tática e humana de Juan, fundaram a UFF Rubgy. Por falta de jogadores, meu primo teve que entrar em campo. Jogar era muito bacana, mas o legal mesmo era ver um time se formando aos poucos, sem motivação econômica, só por amor ao jogo. Viramos todos amigos, quase irmãos, o que é característico do rugby, um esporte onde o coletivo é muito mais importante do que o individual.

Depois daquela pancada nas costelas, todavia, que já fora precedida de dois dedos quebrados, meu primo resolveu tirar o seu motor àquela altura já 4.5 de campo.

Mas é uma daquelas coisas da sua vida que faria de novo mil vezes.

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