Eu e meus primos...

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domingo, 18 de maio de 2014

Bolinha de papel

                Eu e a bola. Meu nome é João, meu nome é Antônio, meu nome é José, meu nome é um qualquer. No dia a dia, não sou de reclamar, é bola pra frente. No trabalho, tento não pisar na bola. Se há algum problema, logo tento bolar uma solução. Peço a ajuda dos colegas, não prendo a bola. Mas acho que meu patrão não bate bem da bola. Com ele é sempre jogo duro. Fico meio bolado mas tudo bem. Ele vive dando bola fora. Quando tento aumento de salário, a bola sempre bate na trave. E não adianta reclamar, pois ele se acha o dono da bola. Até aí, jogo que segue, mas não suporto traição, tomar bola nas costas. Não quero encher minha bola. Mas no trabalho eu bato um bolão e ele foi dar aumento e promoção para aquele novato bola murcha? Por isso eu peguei aquele monte de papelada, tudo ainda por resolver, amassei bem até virar uma bola de papel. Aí entrei na sala dele feito centroavante rompedor e falei: agora a bola tá contigo. Passei a bola pra ele.

                Desempregado. Sem dinheiro. Não dei a menor bola. Na pelada de domingo, depois de uma semana infernal, tudo o que eu queria era bater uma bolinha. Quando enfiei um bolão para meu amigo fazer o gol, ele disse um negócio que me lavou a alma: João, tu é bola. Sou mesmo.

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