Eu e meus primos...

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domingo, 22 de junho de 2014

A cultura tem que ir aonde o povo está… na Internet

Nos últimos anos, tenho acompanhado direta ou indiretamente, como palestrante, mediador ou plateia, uma série de projetos culturais. Numa saudável democratização, hoje eles alcançam os quatro cantos do país e são realizados não somente em auditórios luxuosos, mas também em centros culturais de favelas e bairros da periferia. Maravilha. Outra característica:  são projetos profissionais, com financiamento público e privado, pagamento digno aos palestrantes e contratação de técnicos especializados. Microfones, filmadoras, material de divulgação, tudo de primeira qualidade. Uma beleza. Costuma até ter camarim com lanchinho.

Seria uma perfeição se não fosse um pequeno detalhe: quase ninguém vai assistir. Quando vai, é uma turma de adolescentes arrebanhados em cima da hora, que caem de pára-quedas sem saber bem o que estão fazendo ali. E nem mesmo adianta chamar celebridades. Vi uma famosa cantora de axé falar (muito bem) diante de uma audiência de 20 pessoas, em Salvador! Claro que sempre vale, nossa alma não é pequena. Mas, sinceramente, não é justo gastar tanto dinheiro para isso. Há milhares e milhares de pessoas interessadas no tema daquele debate ou daquela palestra. Mas não estão ali. Os jovens, sobretudo, estão na rede, no Twitter, no Facebook, no Youtube… E nas escolas, onde seus professores poderiam dispor desses ricos materiais em suas aulas.

Aí vem a principal falha de todos estes projetos, pelo menos de todos que conheci. A filmagem é realizada do início ao fim, nos mínimos detalhes. Mas não há transmissão simultânea, coisa que pode ser feita com um simples celular e um programa gratuito (Twitcaster). Ninguém prepara um simples podcast (programa de rádio gravado) com os melhores momentos das falas. Não são feitos pequenos filmes para colocar no Youtube, o que qualquer adolescente sabe fazer. Anos depois, o material completo do evento ainda não se encontra nos sites oficiais. Os palestrantes se sentem frustrados. Felizes por participar de um projeto desta natureza, mas tristes diante de uma oportunidade tão rica que está sendo desperdiçada. Se o projeto é feito, mesmo que parcialmente, com dinheiro público, tem como obrigação estar disponível ao público.

Já está na hora dos projetos culturais desembarcarem no século XXI. Hoje não custa nem mais um centavo para a cultura ir aonde o povo está: na Internet.

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